domingo, 17 de julho de 2011

‘Palmeiras Campeão do Mundo 1951’: Entrevista com Fernando Galuppo




Agência Palmeiras

Érica Tsanakaliotis

Lançamento será aberto ao público

Na próxima segunda-feira (18), a editora Maquinária lança a obra “Palmeiras Campeão do Mundo 1951”, com patrocínio do Banco Banif. Escrito por Fernando Razzo Galuppo, assessor de comunicação da Sociedade Esportiva Palmeiras, o livro conta a história do título da Copa Rio conquistado pelo Verdão em uma final emocionante contra o Juventus, no Maracanã lotado, e que resgatou a honra do país após o Brasil perder a Copa do ano anterior para o Uruguai.

Para quem quiser conferir, o lançamento será na Livraria Saraiva do Shopping Eldorado, às 19h, e com entrada aberta para o público. O autor do livro concedeu uma entrevista exclusiva para o site oficial do Palmeiras e contou um pouco mais sobre sua paixão palestrina e detalhes do novo livro.


Confira os principais trechos:

Site Palmeiras - Qual foi a primeira partida do Palmeiras que você acompanhou e qual a primeira imagem que lhe vem à cabeça quando você se lembra dessa partida?

Fernando Galuppo (FG): A primeira partida de futebol do Verdão que assisti no estádio foi em 8 de agosto de 1987, quando vencemos a Ponte Preta por 1 a 0, no Pacaembu, gol marcado pelo atacante Marcelino. São muitas imagens que me vem à cabeça. Fiquei encantando e lembro desse dia mágico em detalhes. Ver o Palmeiras entrando em campo e a festa da torcida foi a coisa mais linda que aconteceu em minha vida e que está vivo no meu coração até hoje. Arrepia só de lembrar. O momento da vibração do primeiro gol. Tudo isso me marcou muito e me emociono a cada vez que vou ao estádio assistir o Palmeiras, pois sinto que aquele menino sonhador ainda existe dentro de mim e renasce a cada partida do alviverde, a cada gol, a cada lance.

Site Palmeiras - Falando sobre grandes momentos do Palmeiras, qual é o mais emocionante e importante que você acompanhou?

FG: O dia 12 de junho de 1993 é algo insuperável para a minha geração. Aquela tarde fria de sábado é o dia mais emocionante da minha vida como torcedor. Ver o Palmeiras campeão pela primeira vez e com uma sonora goleada sobre o nosso maior rival por 4 a 0, com um baile de bola, foi um sonho!

Site Palmeiras - Como surgiu a ideia de escrever o livro “Palmeiras Campeão do Mundo 1951”?

FG: O esporte brasileiro, de uma maneira geral, guarda as suas histórias e feitos quase que na sua totalidade na memória oral. Ou seja, pouco se registrou os feitos esportivos do Brasil e suas instituições de maneira racional e organizada, através de obras e documentos, ao longo do tempo. Isso me incomoda muito e gera muita ignorância e desinformação. Dada essa constatação, senti a necessidade de elaborar um registro de um dos feitos mais marcantes do esporte brasileiro, não apenas para os palmeirenses. A obra visa resgatar um período de ouro do futebol nacional e fez com que a auto-estima do nosso povo se renovasse após o trauma do Maracanazzo, na Copa do Mundo de 1950.

Site Palmeiras - Você ainda não era nascido quando o Palmeiras conquistou a Copa Rio de 51. Como foi escrever um livro sobre um fato que você não presenciou? Isso lhe rendeu muitas pesquisas?

FG: Foi uma pesquisa intensa, sempre respeitando o contexto da época. Não adianta fazermos um livro do passado com os olhos do presente. Procurei evitar cair nos lugares comuns e fazer um trabalho íntegro e racional, que faça vibrar o coração dos esportistas e palmeirenses. Quanto a falar sobre os fatos antigos do Palmeiras, nunca é problema, sempre é um enorme e grandioso prazer. Temos uma história belíssima e que deve ser eternamente exaltada, com orgulho e amor, pois foi construída por pessoas dignas, altruístas, pioneiras, ousadas e competentes, que abriram mão das suas próprias vidas para edificar esse colosso chamado Palmeiras no patamar mais alto possível.

Site Palmeiras - Em 1951, o Brasil ainda sentia a dor da derrota da Copa do Mundo para o Uruguai. Você acredita que a conquista da Copa Rio pelo Palmeiras teve um significado maior, não só para os palmeirenses, mas para os brasileiros em geral?

FG: Sem dúvida. A conquista do Palmeiras foi o divã do futebol brasileiro. Era um momento em que o povo brasileiro sofria um apequenamento frente ao elemento estrangeiro. Nelson Rodrigues, brilhante jornalista, batizou esse sentimento como “complexo de vira-latas”. O revés para o Uruguai na Copa do Mundo de 1950 foi um duro golpe para a nação. E a conquista palmeirense um bálsamo, celebrado por todos!

Site Palmeiras - José Guedes Torino escreveu no jornal “Vida Esportiva” que “coube a Sociedade Esportiva Palmeiras agora a tarefa de nos redimir. Este feito é mais uma prova de que somos realmente os maiores futebolistas. E que futebolistas!...E agora podemos dizer: Somos os Legítimos Campeões do Mundo.” Você acha que este título pode ser considerado o mais importante da história do Palmeiras?

FG: Não tenho a menor dúvida em afirmar que o Mundial de 1951 foi o maior título da vida futebolística do Palestra-Palmeiras. Não só pela grandeza dos adversários e pela dimensão da competição, mas pelo contexto geral, que bem descrevemos no livro. Não foi por acaso que o Verdão alcançou esse feito brilhante em sua história. Ganhou cinco títulos seguidamente, graças à inteligência, idealismo e competência de seus dirigentes, que montaram uma equipe quase que insuperável.

Site Palmeiras - No processo de construção do livro, houve alguma passagem que te surpreendeu ou algo que você não imaginava que pudesse ter acontecido?

FG: O que mais me chamou a atenção nas pesquisas foi o total envolvimento da FIFA, da CBD, dos governantes brasileiros e das entidades esportivas ao redor do mundo na organização do evento, bem como os seus altos dirigentes. O número de jornalistas – cerca de 300 - que cobriram a final, também me chamou muita atenção. Nenhuma outra competição em território sul-americano chamou tanta a atenção da mídia do mundo inteiro, como fora a Copa do Mundo em 1950 e o Mundial Interclubes de 1951.

Site Palmeiras - Para finalizar, o que você acha da união do futebol e literatura? Acredita que possa ser uma prática para envolver os jovens cada vez mais com o mundo dos livros?

FG: Perfeita e necessária. O esporte e a literatura são portais que nos transportam para outras dimensões, interiores e exteriores. Eles salvaram a minha vida e me fizeram descobrir um mundo que jamais podia imaginar. O caminho do conhecimento é o meio mais nobre e digno para a nossa evolução. Recomendo a todos, jovens ou não, que se interessem por esses e outros assuntos, só assim teremos um mundo cada vez mais espiritualizado, harmônico e fraterno

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