quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Como me tornei palmeirense


Amigos Palestrinos,

É com grande satisfação que divulgo o primeiro post de Eliane Faria. Ela contribuirá com o blog dando um  toque feminino em nossa página.
Seja bem - vinda, Eliane.

Segue texto:


Caso vocês sejam machistas, imagino a primeira coisa que vocês poderiam pensar ao perceber que sou umA palmeirense: “virou palmeirense porque o pai é ou por causa de namorado/marido/ou coisa que o valha”. Bom, queridos, não foi assim.

Meu saudoso pai era santista. Mas não fanático. Era daqueles que se limitava a xingar o juiz em algum lance polêmico e comemorar títulos de forma bem básica, sem gritaria ou choradeira (como eu faço). Tudo bem que o último título que meu pai viu o Santos ganhar foi o Paulistão de 1984, então imagino que nem adiantava ser fanático. (Risos)

Meu primeiro jogo de futebol foi um Flamengo e Santos, final do brasileirão de 1983. Não era qualquer Flamengo. Era o Flamengo de Zico, Junior e afins. Timaço. E o Santos tinha Serginho Chulapa, que hoje acho mais legal que Zico, Junior e afins somados (sim, sou uma transgressora... rs). Meu pai torcendo timidamente pelo Santos, e eu resolvi me descabelar pelo Flamengo.

E foi assim, a partir daquele jogo, que comecei a me interessar por futebol. Todos os jogos que meu pai assistia, e acreditem, eram muitos, eu estava junto. Assistia São José (dos Campos) e XV de Piracicaba, em pleno Martins Pereira (o estádio do São José, a Águia do Vale – para quem não conhece). A princípio eu ia pro estádio por causa da pipoca, depois, quando comecei a entender a coisa, ia lá para ver futebol de perto (já que no interior a gente vê mais pela TV).

Então, desde que o Flamengo ganhou o título de 1983, transgressora que sou, resolvi torcer pro Flamengo, só para contrariar meu pai (por essas e por outras é que ainda faço terapia). E fiquei nesse namoro chocho, dizendo que era flamenguista até os idos de 1989. Mas veja, não tinha paixão e era só pra contrariar o pobre do meu pai.

No fundo, bem no fundo, sabia que o amor de verdade não tinha surgido.

Pois bem, em 1989 tudo começou a mudar. O time da minha cidade, o São José, foi pra final do Paulista contra o São Paulo. Meu time tinha Donizete Pantera, e tudo parecia perfeito. Parecia. O São Paulo foi campeão e ali começou minha aversão ao time do Morumbi.

Ao começar o colegial (equivalente ao ensino médio) comecei a ser cobrada pelos meus amigos. Como é que, morando em São José dos Campos/SP, uma menina resolve torcer pro Flamengo?! E ainda, torcer daquele jeito, só de boca? Pois é, era assim que eu torcia pro Flamengo. Sem compromisso.

Resolvi analisar a questão e eis que na minha classe só tinham são paulinos e corintianos e cada um puxava a sardinha pro seu lado. Mas a rebelde que existe em mim não aceitava ser influenciada e queria decidir por mim mesma.

Àquela época o Palmeiras estava sofrendo na fila há muitos anos (16, pra ser exata), era zoado pelos meninos da classe, e era chamado de freguês dia sim, dia não. Eu não sabia, ainda, mas o meu coração já era palmeirense.

Então, na final do Paulista de 1992, com a Parmalat já investindo os tubos, o Palmeiras enfrentaria o São Paulo. Como já tinha virado brincadeira descobrir qual era o meu time, apostei com eles que se o São Paulo fosse campeão, passaria a ser são-paulina (Deus que me perdoe por estas palavras).

O primeiro jogo da final foi dose: 4 a 2 São Paulo. Me acabei de torcer para que aquele time verde pelo menos empatasse a partida, mas não deu. Já o segundo jogo da final foi uma tortura: 2 a 1 São Paulo. Torci até não mais poder, mas não deu: o São Paulo foi campeão, deixando o Palmeiras mais um ano na fila. Fiquei triste, com raiva, mas já tinha resolvido qual seria meu time. E não só em São Paulo. Seria meu time para o resto da minha vida: PALMEIRAS.

Para quem perguntar se resolvi por qual time torcer num só jogo, eu garanto: não foi só a minha aversão ao São Paulo. O que eu senti naquela final foi diferente. Dizem que todos sabemos quando um amor de verdade aparece.

Desde então tive crises de choro durante e depois de alguns jogos. Como no primeiro jogo da final do Brasileiro de 1993 e na Final da Libertadores de 2000, em pleno Morumbi – voltei naquela avenida do Morumbi ouvindo os fogos dos gambás e bambis (até hoje dá vontade de chorar).

Também, tive felicidades extremas, como quando Marcos defendeu aquele pênalti do Marcelinho, na Libertadores de 2000, ou como quando viramos o jogo contra o Flamengo, 4 a 2, nas quartas de final da Copa do Brasil de 1999 – vocês, meus amigos palmeirenses, hão de concordar comigo que essas vitórias foram melhores que títulos.

Enfim, de 33 anos de vida, pelo menos 18 foram devotados ao nosso time e de forma apaixonada. Toda essa história foi apenas para me apresentar e dizer que fiquei muito feliz por ser chamada para escrever aqui pro blog. Já havia sido convidada por outros blogs, mas nenhum tinha o Palmeiras como carro chefe. Portanto, eis-me aqui.

E você, como a chama verde despertou em sua vida?

Abraços
Eliane
Sigam-me no twitter: @fariaeliane

Obs.: Meu pai: Paulo Celso, o Pantera. Foi técnico de futebol amador (Araguari FC), e era torcedor ferrenho da Águia do Vale, mas morreu antes do São José subir para a primeira divisão. Meu primeiro jogo do Palmeiras num estádio foi em fevereiro de 1997, São José 1 X Palmeiras 1, pelo Paulista, já sem meu pai. Véio, onde quer que esteja, saiba que você sempre vai fazer MUITA falta. Te amo.

6 comentários:

Silvia disse...

Lili, minha história parece a sua, mas eu (eca!) tentei ser Bambi só pra agradar a minha saudosa avó... Ainda bem que Deus é pai e abriu meus olhos a tempo!
Estou feliz com a sua nova fase, vc vai se dar super bem!
Beijocas e SUCESSO
@silrosa

Redação / Sérgio Dias disse...

Eliane,

Parabéns por ser palmeirense! Eu tenho muito orgulho do time que torço, ganhando ou perdendo!

Fui nos jogos de 92...uma pena, mas estamos sempre ao lado do Palmeiras!

Abraços,

Sérgio Dias
(sergio.jornalista@terra.com.br)
(twitter: @sergiopress)

Anônimo disse...

Êpa,êpa,êpa. Pode parar. Que história é essa. Eliane, Lili etc.
A julgar pela qualidade do texto a Lili deve ser JOOORRRNAAALIIISTA.
Apresentação especial, rufar de tambores,cornetas. OPs . A propósito sabe quem tá falando aqui?
è isso mesmo, O CORNETA e mais eu sou o pai, o PAI do editor desse blog entendeu menininha. E outra o que você tem de idade eu tenho de arquibancada só em jogos com chuva.
E vou dizer mais sua, sua,sua

Vai emocionar outro ouviu bem. Eu não tenho mais idade pra isso.
Falando sério uma homenagem que tenho certeza que o "VELHO PANTERA" deve estar rugindo de orgulho.
Seja muito bem vinda Eliane e parabéns mais uma vez ao Arena por mais esta iniciativa.

Nilton Pasqual
O CORNETA

fariaeliane disse...

Cornetaaa!
Fiquei emocionada com suas palavras!
Mas, só pra esclarecer, não sou jornalista, sou adEvogada. Cuidado! rs
Valeu pelas boas vindas!
Já sou sua fã!
Beijos
Eliane (ou Lili, ou Li, ou Eli)

Clau disse...

Lili!!!!!, prima amada!!
Que orgulho eu tenho de vc.....
Ainda mais quando vc assume que já foi flamenguista....olha o Guga está dizendo aqui que se vc vai virar a casaca é melhor virar logo.
Beijos, amamos vc!!!
Clau

Camis disse...

Oiiii Lili,

Queeee lindo o seu depoimento, adoreiii, fiquei arrepiada!

Tb me tornei uma Palmeirense de uma forma inusitada!!!Me apaixonei pelo nosso Palestra!


Aliais, vamos combinar de irmos ao jogo juntas, sempre que estou em sampa e tem jogo no Palestra vamos assistir o verdão jogar! : )

Grande beijo

Camis