Provavelmente vocês nunca ouviram essa expressão. Minha mãe nasceu em Delfim Moreira/MG, e há uns 50 anos essa cidade era um dos maiores produtores de marmelo do Estado (talvez até do Brasil). Hoje o marmelo sumiu do mapa e nem em Delfim a gente acha a árvore mais. Mas o bendito fruto e o seu caule, sempre permearam meus pesadelos quando criança.
Dona Cida, minha mãe, é daquela época em que não existia o politicamente correto ou incorreto e em que psicólogos diziam como educar os filhos. Então, caso aprontássemos alguma, ganhávamos uma sonora chinelada pra tomar jeito. Ou, quando a coisa era bem grave, a ameaça mudava de nível: “se fizerem isso vão apanhar de vara de marmelo”.
Não, minha mãe não era agressora, nem nada do gênero, a época é que era bem outra. Naquela época a gente não falava palavrão em casa, sob pena de tomar uma chinelada ou de ouvir o som da vara de marmelo voando no ar. Ou ainda, ter a boca lavada com sabão. E o tal “corretivo” era normal. Hoje em dia é capaz de causar escândalo eu dizer que tomava umas palmadas vez ou outra em casa. Tudo é permitido e vemos professores apanhando de alunos, e filhos apanhando dos pais. O respeito foi parar não sei onde. Eu, do alto dos meus 33 anos, começo a ter saudade “daquela” época.
Por tudo isso é que muito me espanta a postura do técnico da Seleção Brasileira, o Dunga. Pra um rapaz das antigas, que deve ter sido educado de forma bem rígida, ele deveria saber que é muito feio falar palavrão, ainda mais na frente de um monte de gente. Quantas pessoas viram esse papelão ao vivo e tiveram que escutar impropérios em rede nacional? E a criançada, a molecada? Todos achando aquele cara o máximo, e ele falando coisas abaixo do mínimo na TV.
Vocês podem dizer que eu estou exagerando, e que não tem nada a ver uma coisa com outra. Mas para mim a postura do Dunga é igual a de criança birrenta, mal educada. Penso que está mais do que na hora do Dunga acordar e perceber que a encrenca da imprensa não é com o Sr. Carlos Caetano Bledorn Verri, pessoa física. E sim com o trabalho do técnico da nossa seleção. Está na hora de ser profissional, né? O equilíbrio emocional mandou lembranças...
O que quer que o jornalista tenha dito, ou feito, para ele, não é justificativa para agressão ao resto dos brasileiros que acompanhavam a entrevista.
Birra, para mim, é falta de surra. Fosse esse senhor filho de Dona Cida (e, portanto, meu irmão), ele seria um sério candidato a uma bela surra de vara de marmelo. E sem churumelas.
(Obs. 1: Soei uma velha chata nesse texto, né? Podem cornetar. Eu admito. Sou velha e chata)
(Obs. 2: Sobre a briga do Dunga com a Globo, especificamente, escreverei na semana que vem – vou esperar cenas dos próximos capítulos... rs)
