E houve quem, quando ouviu a convocação, duvidou.
Houve os descrentes, os secadores, os cornetas de plantão.
Eles estavam lá. E não eram mais Mancha, nem TUP, nem Savoia…
Eram torcida. Eram Palmeiras. Eram incansáveis.
Tomaram as ruas, avenidas, a arquibancada, as numeradas.
Tomaram os camarotes, eram ilustres, eram desconhecidos.
Tomaram a sala das casas, os quartos, os bares, os radinhos de pilha
Tomaram até a opinião dos narradores que diziam nunca ter visto algo parecido
Eram mil, 22 mil, milhões que fizeram dos sofás de sua casa
Concreto de arquibancada.
Talvez não pulassem junto com a torcida em campo
Talvez não pudessem pular, não pudessem gritar
Mas sofriam, torciam, lutavam, chutavam juntos, contagiavam.
A noite era de festa e a camisa do Santo ilustrava o papel da massa, 12.
O 12° jogador. Eram 500 jogos e a torcida se dividia entre
Torcer pelo terceiro gol ou ir para os penaltis.
Só pra ele, o Santo, se consagrar mais uma vez.
Porém, naquela noite, e apenas naquela, o milagre não seria dele,
Mas era necessário que levasse o seu nome, Marcos.
Esse, o Assunção, chutou a bola.
Antes, fizera carinho, conversara com ela.
Quando saiu de seus pés, flutuou numa atmosfera quase sem ar
Rarefeito, a massa prendera a respiração
Passou por cima da barreira inútil
E encontrou aquele que, outrora, fazia cera
Aliás, não o encontrou…
Este, agora pulava desesperado à procura
Chega tarde, chegou depois do tempo
Tempo que faltou-lhe no fim
E o Santo, a 100 metros dali, vibrava e agradecia
E via seu time se recuperar heroicamente
E o via se colocar como guerreiro em campo
Não valia a coroa, não valia taça
Mas valia a honra de cada coração ali
Dos 11 em campo, dos milhões fora dele
E a casa, antes mal utilizada, agora explode
Num misto de emoção, alegria e alívio
E Marcos, o Assunção, selou a noite
Que começara com outro, de nome santo, o Tadeu
Contra um time que não alcançou o próprio nome
E Marcos, o Santo, ouve o apito e corre
Corre pra trás, corre pra eles
Os que não se calaram, nem por um minuto
E eles estavam lá
E não eram Mancha, nem TUP, nem Savóia…
Eram torcida. Eram Palmeiras e eram incansáveis
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