sexta-feira, 20 de agosto de 2010

3 x 0

Texto de Helton Moreira retirado do blog Cruz de Savóia



E houve quem, quando ouviu a convocação, duvidou.

Houve os descrentes, os secadores, os cornetas de plantão.

Eles estavam lá. E não eram mais Mancha, nem TUP, nem Savoia…


Eram torcida. Eram Palmeiras. Eram incansáveis.

Tomaram as ruas, avenidas, a arquibancada, as numeradas.

Tomaram os camarotes, eram ilustres, eram desconhecidos.

Tomaram a sala das casas, os quartos, os bares, os radinhos de pilha

Tomaram até a opinião dos narradores que diziam nunca ter visto algo parecido


Eram mil, 22 mil, milhões que fizeram dos sofás de sua casa

Concreto de arquibancada.


Talvez não pulassem junto com a torcida em campo

Talvez não pudessem pular, não pudessem gritar

Mas sofriam, torciam, lutavam, chutavam juntos, contagiavam.


A noite era de festa e a camisa do Santo ilustrava o papel da massa, 12.

O 12° jogador. Eram 500 jogos e a torcida se dividia entre

Torcer pelo terceiro gol ou ir para os penaltis.

Só pra ele, o Santo, se consagrar mais uma vez.


Porém, naquela noite, e apenas naquela, o milagre não seria dele,

Mas era necessário que levasse o seu nome, Marcos.

Esse, o Assunção, chutou a bola.

Antes, fizera carinho, conversara com ela.

Quando saiu de seus pés, flutuou numa atmosfera quase sem ar

Rarefeito, a massa prendera a respiração

Passou por cima da barreira inútil

E encontrou aquele que, outrora, fazia cera

Aliás, não o encontrou…

Este, agora pulava desesperado à procura

Chega tarde, chegou depois do tempo

Tempo que faltou-lhe no fim

E o Santo, a 100 metros dali, vibrava e agradecia

E via seu time se recuperar heroicamente

E o via se colocar como guerreiro em campo


Não valia a coroa, não valia taça

Mas valia a honra de cada coração ali

Dos 11 em campo, dos milhões fora dele

E a casa, antes mal utilizada, agora explode

Num misto de emoção, alegria e alívio


E Marcos, o Assunção, selou a noite

Que começara com outro, de nome santo, o Tadeu

Contra um time que não alcançou o próprio nome

E Marcos, o Santo, ouve o apito e corre


Corre pra trás, corre pra eles

Os que não se calaram, nem por um minuto

E eles estavam lá

E não eram Mancha, nem TUP, nem Savóia…


Eram torcida. Eram Palmeiras e eram incansáveis

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