por Mauro Beting em 30.ago.2010 às 16:08h
A palavra “arena”, em política brasileira, remete aos piores anos do Brasil.
O termo arena, neologismo de antanho para os Coliseus do brioche & circo destes dias, comporta tudo. Tem cabimento para tantos. Mesmo que não tenham cabimento algumas atitudes e contas a serem pagas por nossos tataranetos. Ainda mais em ano de eleição de presidente. De governador. E até de presidente do Clube dos 13.
Resumindo: o chefe da delegação brasileira na África do Sul ganhou um alvará do presidente da CBF que não conhecia um dos três projetos de estádio do Corinthians; o maior desafeto do presidente da CBF (que coleciona desafetos sacrossantos como o presidente do São Paulo) teve todos os nãos de São Paulo e do Morumbi para os tantos projetos e remendos apresentados pelo clube tricolor.
Para resumir ainda mais: Ricardo Teixeira aprovou um projeto que não viu em Itaquera, e disse não a todos os Morumbis apresentados pela não menos arrogante, prepotente e desastrada direção são-paulina.
Os projetos são-paulinos tinham as suas falhas como tem o Morumbi desde a construção.
E, mesmo se fosse perfeito, se fosse a “casa sacrossanta” que Juvenal se jactancia, ainda assim teria o não rotundo dado pelo dono da CBF e da Copa de 2014.
O projeto corintiano (que originalmente é para 48 mil pessoas, e já foi mudado para acomodar as 65 mil previstas para a abertura da Copa) ainda é incerto e não sabido. Mas já está aprovado pelo prefeito do DEM, pelo governador do PSDB e, claro, pelo presidente do Brasil.
Ou melhor: pelo presidente honorário da República do Corinthians, como torcedor de berço, e conselheiro há anos.
Correligionário do presidente do Corinthians, chefe da delegação, e grande armador de toda a jogada, Andrés Sanchez.
Presidente corintiano coberto de méritos pelo chapéu que deu em Juvenal Juvencio, em termos de Copa.
Mas que levou a questão mais para o lado pessoal-clubístico, fazendo menor uma questão maior. Do tamanho da arena que receberá da Odebrecht. Do tamanho da paixão centenária corintiana.
Como se sabe há muito tempo neste canteiro de obras que é o Brasil, só o amor e a Odebrecht constroem. Pavimentando alianças neste governo que acaba, construindo pontes e um estádio para o novo e provável governo petista.
Faz parte do jogo e de algumas jogadas.
Só é de estranhar tanto mau humor com o São Paulo Futebol Clube.
E tantos freios com outra obra importante, inteiramente financiada pela iniciativa privada, que não consegue sair da prancheta por erros de todos os lados.
Também do Palmeiras que tinha dívidas a pagar. Também da oposição do clube (e ao clube) que criou e ainda vai criar todos os empecilhos de fato e sem muito direito.
E, agora, também do Cades (Conselho Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável) que entrou em campo para não reformar o Palestra.
Justamente nos dias em que São Paulo terá um grande estádio para a Copa.
Sou tão leigo em construção de estádios quanto Ricardo Teixeira é em futebol.
Mas o reprovado Relatório de Impacto de Vizinhança (RIVI) não faz parte da política de boa vizinhança. É uma declaração de guerra ao bom senso.
Um relatório de impacto sonoro com uso de vuvuzelas e fogos de artifício para liberar as obras do novo estádio palmeirense é de um absurdo incomparável. Melhor, de fato, ser surdo a ouvir os lamentáveis argumentos que impedem o início das obras.
Primeiro porque o estádio já existe. É Stadium Palestra Itália, desde 1933.
Segundo porque será coberto na área dos torcedores. O estádio é barulhento hoje. Será muito menos quando estiver pronto.
Terceiro porque fogos de artifício não são liberados nos campos. É tão ridículo exigir um relatório a esse respeito quanto seria um teste para saber qual seria o impacto sonoro de um rufar de canhões dentro do gramado.
E mais não é preciso dizer pelo risível argumento do Cades.
Aliás, o primeiro comunique-se do órgão em 2010.
E tem mais!
Foi cobrado um estudo para saber quantas pessoas iriam com veículo próprio em dias de shows.
Quem sabe?
Certamente não o mesmo departamento que liberou sem grandes problemas o Shopping Bourbon, vizinho da nova Arena.
Para atrasar ainda mais as obras palestrinas, falta ao clube o mesmo tipo de argumento que sobrou ao presidente corintiano.
Não é amizade com o presidente Lula, que isso Belluzzo tem de longa data, independente de carteirinha do partido, como tem Andrés desde o ano passado.
Faltam, talvez, os mesmos procedimentos, digamos, mais enfáticos.
Aqueles argumentos que liberaram o estádio corintiano a toque de caixa aberto.
E que emperram a arena palmeirense com freio ABS.
No frigir das bolas, o Corinthians cimentou muito bem a sua obra, para felicidade da empreendedora e empreiteira Fifa.
O São Paulo enterrou seu Mundial tanto por jogo político rasteiro do outro lado quanto por soberba de seu presidente.
O Palmeiras está pagando contas que não são dele. Mesmo que o baixo nível da oposição do clube (e ao clube) também ajude a atrapalhar o início das obras, que não têm a menor guarida dos órgãos públicos.
Um comentário:
AULA DE HISTÓRIA ABAIXO, PROTAGONIZADA PELO MAIOR CLUBE DO PAÍS.
A SAGA TRICOLOR QUE DUROU 17 ANOS (1952 A 1969).
PEDRA FUNDAMENTAL LANÇADA EM 15 DE AGOSTO DE 1952, COM O MONSENHOR FRANCISCO BASTOS ABENÇOANDO O SOLO SAGRADO DO ESTÁDIO DO MORUMBI.
ALIÁS, COM OU SEM COPA, O PRINCIPAL ESTÁDIO DE SP SERÁ REFORMADO.
***
A GRANDE, ÉPICA, CURIOSA E VERDADEIRA HISTÓRIA DA CONSTRUÇÃO DO MORUMBI
“Se é para sonhar, que seja grande!”
http://globoesporte.globo.com/platb/danielperrone/2010/04/24/a-grande-epica-curiosa-e-verdadeira-historia-da-construcao-do-morumbi/
MAIS DETALHES ABAIXO, COM FOTOS:
http://spfcpedia.blogspot.com/2009/01/construcao-do-morumbi.html
Postar um comentário